Palestrantes falaram sobre economia circular, inovação, tributação e a necessidade de novas legislações para impulsionar a indústria
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e o SINDIPLAST, em parceria com a Plásticos em Revista, promoveram o 13º Seminário Competitividade que tratou de temas como economia circular, descarbonização, inovação, questões tributárias e a necessidade da criação de novas legislações para impulsionar a indústria.
José Ricardo Roriz Coelho, presidente do Conselho da ABIPLAST e do SINDIPLAST, abriu o evento comentando sobre os desafios do setor para os próximos anos e como a indústria tem se posicionado em busca de medidas para manter a competitividade. “Como nos anos anteriores, nossa expectativa para esse Seminário é levantar um debate saudável com representantes da indústria para avançarmos com iniciativas que a auxiliem a manter a competitividade”, comentou o presidente do Conselho da ABIPLAST e do SINDIPLAST.
O evento, que aconteceu durante a manhã do dia 19 de setembro, trouxe quatro painéis: “Reciclagens Química e Mecânica: condições de convívio para as 2 vias da sustentabilidade”, “PVC nacional: estagnação da capacidade ou expansão viável?”, “O Brasil embarca na descarbonização da economia” e “Mega excedentes de PP e PE e futuro de PS: a rota acidentada da conjuntura mundial”, que contaram com a presença de representantes da Braskem, ICIS, Global PET Reciclagem, Wise Plásticos, Grupo Activas, UNIPAR, Amanco Wavin, ABRAPLA, Honeywell, ExxonMobil, DC Associados, Orizon, Vitopel, Piramidal, Abiquim e SENAI.
Iniciando as discussões sobre reciclagem química, o presidente da Honeywell, José Fernandes, defendeu que a indústria precisa investir nesse tipo de reciclagem, pois o consumo continuará crescendo e seria mais uma oportunidade para o retorno dos materiais ao ciclo produtivo. Acrescentou, ainda, que a reciclagem química é um elo adicional na cadeia, complementando a reciclagem mecânica e não competindo com ela.
Luis Barros, da ExxonMobil, falou da necessidade de apresentar novos projetos para a cadeia, mostrando os benefícios que serão alcançados ao longo do tempo com essa tecnologia, além de incentivar a economia circular no setor.
Fabiana Quiroga, diretora de Economia Circular da Braskem, acredita que há espaço e oportunidade para o Brasil desenvolver novas tecnologias e avançar na reciclagem do plástico no país, já que, em 2022, o índice de reciclagem do material consistiu em 25,6%, e o da Europa, por sua vez, possui uma média de 35%. Reforçou, também, que questões regulatórias precisam ser aprimoradas no Brasil para o incentivo da reciclagem química.
Na 13ª edição do Seminário Competitividade, houve uma sessão para a discussão sobre o PVC, com a presença do Alexandre de Castro, Diretor de Negócios da Unipar, Adriano Andrade, Diretor Comercial da Amanco Wavin, Fábio Barbosa, Diretor Comercial de Vinílicos da Braskem e contou com a mediação do João Matulja, Presidente do Conselho da ABRAPLA.
Os palestrantes reforçaram que o principal setor consumidor do PVC consiste na construção civil, responsável por 50% da demanda e no setor da agricultura, há oportunidades para o segmento da irrigação. Há perspectivas de boas oportunidades para o mercado do PVC, pois no Brasil haverá a necessidade de investimentos em saneamento básico, considerando o Marco Legal do Saneamento e infraestrutura, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) anunciado pelo governo, Minha Casa, Minha Vida e o avanço do agronegócio no país.
Descarbonização e metas de conteúdo reciclado: A importância de novas legislações para a indústria
Para Paula Leardini, analista sênior e líder de reciclagem nas Américas, da ICIS, a legislação tem se tornado um tema globalizado porque as políticas internacionais têm influenciado outros países que ainda estão no processo de adoção da reciclagem e da economia circular. Há desafios nesse sentido para o poder público e para a indústria, pois nem todos os países possuem o mesmo grau de desenvolvimento e, mesmo em um mesmo país, há diferenças internas que precisam ser consideradas pelo poder público e pela indústria.
Leardini também apresentou o status da legislação de diferentes países sobre a inclusão de metas de conteúdo mínimo reciclado nos produtos plásticos, citando União Europeia e Estados Unidos.
Irineu Bueno Barbosa Junior, diretor da Global PET, complementou apresentando as metas de conteúdo mínimo reciclado para alguns países da América Latina, como Chile e Colômbia e reforçou que a demanda pelo material reciclado passa pelos detentores de marca (brand owners), mas também pela legislação, assim como mencionado pela Leardini.
Daniela Stump, especialista em ESG, Ambiental e Regulatório, na DC Associados, falou sobre a redução da emissão de carbono, defendendo que ao endereçar a economia circular, estamos solucionando também impactos climáticos, mas que o país precisa se conscientizar sobre esse mercado para que medidas efetivas possam ser aplicadas. Stump também mencionou que o Brasil pode se tornar referência graças ao PL 412/2022, pois consiste em um texto bem equilibrado que une pontos relevantes para a indústria e governança com objetivo de regulamentar o mercado brasileiro de carbono.
Encerrando as apresentações do painel “O Brasil embarca na descarbonização da economia”, Marcos Nascimento, assessor econômico da ABIPLAST, apresentou as tendências globais em direção à descarbonização da economia e à economia circular, contextualizando as oportunidades nesse sentido para o setor plástico. Nascimento finalizou a sua apresentação mencionando dados de um estudo realizado com as empresas recicladoras da Câmara Nacional de Recicladores de Materiais Plásticos da ABIPLAST, sobre a viabilidade de comercialização de créditos de carbono a partir da mensuração da emissão de gás carbônico evitada na produção da resina reciclada, em comparação com a produção da resina virgem.
O último painel do Seminário abordou as influências da conjuntura global para os mercados de PP, PE e PS. Wilson Cataldi, Diretor da Piramidal, Fábio Santos, Diretor de estratégia e desenvolvimento de novos negócios da Braskem e Luiz Claudio Raimundo, Diretor Industrial e Supply Chain da Vitopel, mencionaram riscos de excesso de oferta para os próximos anos, considerando a produção da China, que passou de importador para exportador de resinas termoplásticas, além do avanço de novas tecnologias.
Outros fatores citados que influenciam esse mercado é a guerra entre Rússia e Ucrânia, a tensão econômica entre Estados Unidos e China, avanço das economias emergentes e menor dependência do dólar norte-americano, conflitos e demandas provenientes das alterações climáticas, entre outros. O painel de encerramento contou com a moderação do José Ricardo Roriz Coelho, presidente do Conselho da ABIPLAST e do SINDIPLAST.
O presidente do Conselho da ABIPLAST e do SINDIPLAST encerrou parabenizando os palestrantes e reforçou que os debates trouxeram diagnósticos que possibilitarão uma movimentação mais assertiva em prol do setor. “Estamos saindo daqui com uma visão muito ampla sobre tudo o que está acontecendo e como precisamos caminhar daqui para a frente. Mas o fato é que, ao mesmo tempo que andamos com muitas coisas, precisamos continuar pensando em competitividade. E isso não se estende apenas ao setor do plástico, mas para a indústria como um todo”.