Na manhã do dia 12 de setembro teve início o 9º Seminário Competitividade – promovido pela ABIPLAST, SINDIPLAST e Plásticos em Revista –, com o tema “Economia Circular – Desafios e oportunidades para a indústria do plástico”.
Na abertura, o presidente da ABIPLAST, José Ricardo Roriz Coelho, ressaltou a importância da competitividade, da produtividade e da economia circular para o setor: “Competitividade é criar novas formas de se relacionar com o cliente, de se responsabilizar pelo produto e de repensar a maneira de produzir e consumir”. Para melhorar o cenário, seria preciso, por exemplo, desenvolver novos modelos de negócio de reutilização e compartilhamento, acabar com a bitributação da reciclagem e diminuir a capacidade ociosa das indústrias.
O secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, Caio Megale afirmou que o Brasil está pronto para crescer, mas “falta um horizonte de previsibilidade, dado por reformas estruturais de longo prazo”. Foram apontados quatro eixos fundamentais para a retomada do crescimento: mudanças no fluxo e estoque fiscais, abertura comercial, aumento da produtividade e da eficiência da economia (por meio de uma reforma tributária e da redução de burocracias) e reforma do Estado.
Para mostrar como a boa comunicação pode transformar a forma como um setor é percebido, Luiz Buono, sócio da agência Fábrica, apresentou cases e reações institucionais para reflexão sobre a imagem do plástico perante a opinião pública.
Diante da nova realidade da economia circular, empresários foram convidados a compartilhar como têm repensado suas operações. A Valpri fechou parcerias para modernizar suas fábricas com o objetivo de aumentar produtividade, o que resultou na redução de resíduos, e para desenvolver um produto que utilize resina reciclada a partir de aparas. Já a Copobras trabalha com ações pontuais de logística reversa, mas reconhece a dificuldade em coletar produtos distribuídos nacionalmente, além dos empecilhos tributários. Especializada em BOPP, a Polo Films mencionou o desafio de repensar seus produtos, aumentando o índice de reciclabilidade a partir da composição de materiais.
Sobre a contribuição das petroquímicas em favor do desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis, a Braskem apontou que existe um movimento das grandes empresas em utilizar conteúdo reciclado em embalagens e valorizar esse material. Para a Dow, os ciclos serão mais fechados, tanto em circularidade quanto geograficamente, com estratégias de atuação específicas para cada região. Por sua vez, a MaxiQuim destacou que a indústria de reciclagem acaba penalizada porque o preço da matéria reciclada não é tão competitivo.
No período da tarde, a atração de talentos e reciclagem química tiveram destaque no Seminário. “É preciso ver a atração de talentos como um indicador do que estamos oferecendo para os jovens. Essa turma está crescendo com um modelo diferente de pensar”, afirmou Edison Terra (Braskem). Um dos painéis discutiu justamente como atrair e desenvolver talentos no setor plástico. Os jovens executivos das empresas Ciclopack (voltada para rastreabilidade, segurança e economia circular em embalagens e produtos), Deink (que possui tecnologia para remoção de tintas de resíduos) e Wise (há 12 anos na indústria de reciclagem) ressaltaram que a atual geração se move mais por propósitos e geração de impacto. Disrupção, menos hierarquia, abertura para erro e colaboração, desenvolvimento pessoal, equipe diversificada e benefícios como home office foram características apontadas como atrativas por esses profissionais.
Outro tema de destaque foi a reciclagem química, “uma área em ebulição e com potencial de catalisar um círculo virtuoso”, de acordo com a Braskem, mas ainda com questões tecnológicas em aberto. No futuro, o modelo deve e pode coexistir com a reciclagem mecânica e, por isso, seu funcionamento foi explicado, bem como seus prós (a exemplo da obtenção de resina virgem como produto) e contras (como a não rastreabilidade de moléculas). Questões como impacto regulatório e avanço das tecnologias ainda influenciam a dinâmica do modelo.
Já as mudanças para o desenvolvimento de embalagens plásticas sustentáveis foram assunto de um painel a partir do viés dos brand owners. Foi ressaltado que eles serão os responsáveis por incentivar o mercado a valorizar o material reciclado. Na conversa, a Danone reforçou o papel fundamental do plástico para a qualidade dos produtos a serem entregues ao consumidor final, sendo preciso pensar nos impactos que possam ter a médio e longo prazo.
A atual edição do Seminário de Competitividade teve a honra ainda de receber Jacques Siekierski, presidente da Brampac, que foi aplaudido de pé após contar sua trajetória e refletir sobre o atual cenário da indústria plástica e as oportunidades existentes. “Ele é um orgulho para todos nós do plástico e um exemplo de vida”, resumiu o presidente da ABIPLAST no encerramento do evento.
Em sua fala final, José Ricardo Roriz Coelho garantiu que o setor do plástico está atuando junto ao governo para que o Brasil se posicione melhor nos diversos elementos de competitividade, especialmente devido à anunciada abertura de mercado. Por parte da indústria, será preciso implementar a indústria 4.0, porque ainda haverá uma grande demanda por plástico nos próximos anos.
Inclusive, tal implementação deve ter um enfoque na circularidade do processo produtivo, uma vez que as tecnologias permitem maior integração produtiva entre todos os elos da cadeia, compartilhamento de informações e aumento de produtividade.