Apesar da geração de um grande volume de resíduos sólidos, a indústria ainda sofre com a falta de matéria-prima para recicladores

Diariamente, a maior cidade do Brasil produz, sozinha, 20 mil toneladas de lixo. Apenas de resíduos domiciliares, são coletadas cerca de 12 mil toneladas/dia em São Paulo. Estes dados da prefeitura paulistana, de 2018, dão uma ideia do volume de resíduos sólidos que são produzidos no Brasil todos os dias. Ainda assim, somente uma pequena porcentagem desse montante chega às recicladoras; e as cooperativas e indústrias de reciclagem têm visto algumas de suas centrais de processamento parcialmente ociosas por falta de matéria-prima, processando apenas uma fração do que teriam capacidade.

No Brasil, em dados mais recentes levantados pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), o índice de reciclagem de embalagens plásticas e equiparáveis pós-consumo é de 25,8% – o equivalente à reciclagem de 550 mil toneladas no ano de 2016. Esse número poderia ser melhor se não houvesse uma dificuldade logística clara de que o material pós-consumo seja separado nas residências e encaminhado para a coleta seletiva ou a um PEV (Pontos de Entrega Voluntária).

“Hoje, a indústria de reciclagem engloba mais de 1 mil empresas e emprega cerca de 10 mil trabalhadores em todo o País. Com maior incentivo ao desenvolvimento do setor – por meio do aumento da disponibilidade de matéria-prima, da desoneração tributária e da valorização da atividade, por exemplo –, ainda mais negócios, empregos e renda poderão ser gerados”, afirma José Ricardo Roriz Coelho, presidente da ABIPLAST.

Os benefícios socioambientais da reciclagem também são bastante relevantes. A cada 1 tonelada de material reciclado produzido, há redução média de 1,1 tonelada de resíduo plástico disposto em aterros; economia média de 75% de energia e de 450 litros de água na produção do reciclado; geração de 3,16 empregos (catadores que recolhem esse volume de material no mês) e; contribui para a redução da emissão de gases de efeito estufa.

MOVIMENTO DA INDÚSTRIA
A indústria de reciclagem de material plástico, representada pela ABIPLAST, tem agido no sentido de colaborar para a resolução dos gargalos do setor e para elevar os índices de reciclagem no Brasil. Neste contexto, a Câmara Nacional dos Recicladores de Material Plástico (CNRPLAS), Câmara Setorial da ABIPLAST, tem contribuído de forma constante, discutindo e trabalhando em temas importantes e necessários nessa direção.

Nesse sentido, diversas iniciativas estão sendo trabalhadas na entidade, tais como a realização de treinamentos para cooperativas com o objetivo de melhorar a qualidade da separação de materiais plásticos – o que beneficia também os recicladores – e a atuação junto ao poder público.

A Rede de Cooperação para o Plástico, criada em 2018 para reunir todos os elos da cadeia do plástico em torno da discussão e desenvolvimento da economia circular no processo produtivo do setor, dentre outras frentes, tem estudado modelos de logística que viabilizem a reciclagem e a reutilização dos plásticos em todo o Brasil, bem como modelos de coleta incentivada.

Junto a outras 22 associações, a ABIPLAST também integra a Coalização Empresarial, que visa a implementação do Sistema de Logística Reversa de Embalagens em Geral, realizado por meio do Acordo Setorial de Embalagens em Geral.

Para a educação ambiental da população, o Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast) – iniciativa da ABIPLAST e da Braskem – lançou o site e o aplicativo “Reciclagem de Plásticos”, idealizados para localizar com facilidade os PEVs mais próximos das residências para entrega de materiais recicláveis.

Além disso, em conjunto com a CNRPLAS, foi criada em 2016 a certificação de empresas que estejam dentro dos critérios sociais, ambientais e econômicos exigidos por lei – o SENAPLAS – Empresa e, em 2018, criou-se o SENAPLAS – Produto, que certifica a resina plástica reciclada, atestando algumas propriedades como – densidade, índice de fluidez, temperatura de amolecimento ou fusão e/ ou módulo de flexão, garantindo a qualidade e confiabilidade do produto.

Por fim, com o propósito de conscientizar a população sobre a separação do lixo orgânico do reciclável e importância dessa atitude, foi lançada em 2017 a campanha “Separe. Não pare.”, que contou com o apoio da ABIPLAST.