Nos próximos anos, o mundo registrará um crescimento substancial de população e renda, especialmente na Ásia e na África. Essas mudanças trarão novas demandas e exigirão adaptação e mais conhecimento por parte das indústrias. “Será uma revolução nas empresas”, afirmou José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), durante o último debate da arena INOVA PLASTIC, na 17ª FEIPLASTIC – Feira Internacional do Plástico. “Temos que estar preparados para, no funil de inovação, atender a essas modificações de mercado, que terá uma concorrência muito maior. Mas a concorrência é boa, pois impulsiona a inovação”, acrescentou.
O painel “Desafios e oportunidades de inovação para o setor” buscou discutir, na tarde de sexta-feira (26), como as empresas devem estar preparadas para o cenário futuro; e contou com a moderação de Bruno Moreira, CEO da Inventta.
“Inovar é agregar valor ao produto e a tecnologia é um dos instrumentos para inovar. Antigamente, a produtividade era medida pelo volume de produção. Esse conceito mudou muito e, hoje, você mede pelo valor que agrega ao seu produto”, observou Roriz. “Hoje temos o desafio de aumentar a renda da população, mas também de desenvolver produtos que sejam baratos, acessíveis, de durabilidade, que estejam dentro da economia circular e sejam mais amigáveis ao meio ambiente”. Nesse sentido, Moreira lembrou ainda que as alavancas para agregação de valor passam pela tecnologia, mas podem vir também por outros meios, como através de mudanças nos modelos de negócio.
Inovações sempre foram uma constante e contribuíram para o desenvolvimento socioeconômico da humanidade, lembrou Horácio Forjaz, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), mas o cenário é diferente agora. “Nunca a inovação foi tão importante e decisiva para a sobrevivência e perpetuidade de empreendimentos, e até mesmo de regiões e países. Assistimos a empresas perderem intensidade e até morrerem porque não souberam enxergar a inovação como um fator chave para a sobrevivência”, disse. Para que isso não aconteça, é preciso aproveitar as oportunidades que existem no Brasil, sendo uma delas a própria FAPESP, agência que fomenta ciência e pesquisa no País desde 1962.
Roriz apontou como problemas para inovar no País a falta de colaboração entre os atores do setor e a falta de reconhecimento do valor das startups. “As empresas grandes no Brasil ainda não perceberam que a inovação virá, cada vez mais, dessas empresas médias e pequenas. Quem demorar a perceber isso vai ficar para trás”. Essa falta de cooperação e comunicação foi apontada como entrave também pelos outros debatedores. “A indústria 4.0 que caracteriza a Alemanha não é iniciativa de um setor, mas de uma nação, envolvendo diferentes setores, incluindo o acadêmico e público”, contou Forjaz. “Essa consciência deve prevalecer também no Brasil”.
Ainda assim, o cenário tem mudado para melhor no Brasil, segundo o representante da FAPESP, especialmente em São Paulo, que tem um ecossistema voltado para inovação “bastante estimulante”. Rafael Navarro, vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), confirmou que há oportunidades no Brasil: “Percebemos que há empresas multinacionais com desenvolvimentos específicos para o Brasil. Então temos possibilidades, temos instrumentos e vai ter mercado. A gente vive um cenário de escassez de recursos pontual, mas para quem quer, há meios de fazer”.
O presidente da ABIPLAST disse que, atualmente, as empresas da indústria plástica estão buscando ganhar produtividade, exportar mais, desenvolver produtos que possam ser associados a outros segmentos e atrair novas ideias, criatividade e soluções. “Muitas vezes você pensa que inovação é uma coisa disruptiva. Não necessariamente. Às vezes, um pequeno detalhe torna você muito mais produtivo”, ressaltou.