Estudo encomendado pelo PICPlast apontou que índice de reciclagem mecânica se manteve estável entre 2020 e 2021, mas produção de PCR se destaca

Em 2021, 23,4% dos resíduos plásticos pós-consumo foram reciclados no país. No período também se destaca um incremento de 14,7% na produção de plástico reciclado pós-consumo, chegando a mais de 1 milhão de toneladas.

Os dados são da pesquisa sobre a reciclagem mecânica do material para o ano de 2021, encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), parceria entre a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), representante do setor de transformados plásticos e reciclagem, e a Braskem, maior petroquímica das Américas.

O estudo é realizado anualmente desde 2018 pela MaxiQuim, empresa de avaliação de negócios na indústria química com foco em análise de mercados e competitividade, e tem como objetivo mensurar o tamanho da indústria de reciclagem de plásticos no Brasil, acompanhando a evolução anual e os desafios do setor.

Confira aqui a metodologia de pesquisa utilizada pela MaxiQuim e abaixo os detalhes do estudo.

Recuperação e concentração
O ano de 2021 pode ser visto como um período de transição para a indústria de reciclagem brasileira, já que se observa uma recuperação da indústria frente à desaceleração causada pela pandemia de COVID-19 e, ao mesmo tempo, inicia-se um movimento de consolidação no mercado, com a formação de empresas de grande porte. Em termos de faturamento bruto, é possível perceber crescimento de 64,9% nos últimos três anos. Já em termos de empresas do setor nota-se diminuição de 5,4%, comparado ao primeiro ano do estudo.

Volumes de resíduos plásticos reciclados no Brasil
Em comparação com 2020, o índice de plásticos pós-consumo reciclados registrou leve aumento percentual (de 23,1% para 23,4%). É importante destacar o crescimento de 14,7% na produção de plástico reciclado pós-consumo, chegando a mais de 1 milhão de toneladas. Se compararmos com 2018, esse crescimento é ainda maior, de 33,9%. “Esse dado de crescimento da produção de plástico reciclado pós-consumo mostra uma recuperação da indústria pós-pandemia, mas também uma maior utilização de PCR por parte das empresas. Acreditamos que a produção deve continuar a subir nos próximos anos, ajudando também no crescimento do índice de reciclagem”, explica Solange Stumpf, sócia da MaxiQuim.

Volumes de resíduos plásticos consumidos no Brasil
Segundo o estudo, em 2021 foram consumidas 1,5 milhão de toneladas de resíduo plástico na reciclagem, representando crescimento de 13,2% em relaçãoo a 2020, sendo que um pouco mais de 1,1 milhão de toneladas são de plástico pós-consumo, ou seja, material descartado em domicílios residenciais e em locais como shoppings centers, estabelecimentos comerciais, escritórios, entre outros. Outras 405 mil toneladas de plástico originam-se de resíduo pós-industrial, como sobras dos processos da indústria petroquímica, de transformação de plásticos e da própria reciclagem.

Do total de resíduos consumidos na reciclagem, 1.070 mil toneladas referem-se aos utensílios de uso único, categoria que representa as embalagens rígidas e flexíveis, além de outros tipos de descartáveis, sendo os produtos que mais passaram pelo processo de beneficiamento, representando 67,4% do montante reciclado em 2021, conforme gráfico abaixo.

 

“Os resíduos consumidos provenientes de artigos de uso único (embalagens e descartáveis) perderam proporcionalmente participação no total consumido em relação a 2020. Uma das hipóteses para isso é uma diminuição na utilização dos utensílios plásticos mais presentes durante a pandemia como, por exemplo, copos, talheres, recipientes para alimentação etc.”, complementa Solange Stumpf.

Origem dos resíduos
As 1,5 milhão de toneladas de resíduo plástico consumidas chegaram às recicladoras por meio dos sucateiros (27%), beneficiadores (21%), empresas de gestão de resíduos (11%) e cooperativas (10%), entre outros.

 

Perdas no processo
O principal motivo de perdas no processamento ainda é a contaminação da sucata plástica com materiais indesejados, que ocorre pela dificuldade na etapa de triagem. Além disso, materiais como adesivos, sujeira orgânica e, dependendo do material, cores indesejadas, contribuem para o descarte da sucata adquirida. No total, foram 188 mil toneladas de material perdido durante os processos de reciclagem, um aumento de 11,4% em comparação a 2020, sendo o PET o material que mais sofreu perdas, devido também ao seu volume de consumo.

Produção de Resina Reciclada
Como mencionado, houve um aumento significativo na produção de resina pós-consumo, de 33,9% em relação a 2018. Em mais de 1 milhão de toneladas de resinas pós-consumo recicladas no ano passado, 40% foram de PET, seguidas por PEAD (20%), PP (17%) e PEBD/PELBD (15%).

Essas resinas recicladas se transformaram em produtos fabricados pelas indústrias de higiene, cosméticos e limpeza doméstica (13,8%); utilidades domésticas (10,4%); bebidas (10,3%); construção e infraestrutura (9,9%), agroindústria (9,5%), entre outros.

Produção de resina pós-consumo por região
A região Sudeste é a responsável por cerca de 53% da produção com 544 mil toneladas, seguida pela região Sul com 283 mil toneladas, Nordeste com 124 mil toneladas, Centro-Oeste com 48 mil toneladas e Norte com apenas 13 mil toneladas. “Importante destacar que, em 2021, a região Nordeste teve um crescimento de 30,3% na produção em comparação com 2020. O crescimento na produção ocorreu por dois fatores: recicladores das regiões Sul e Sudeste abrindo plantas no Nordeste por perceberem que conseguem resíduos com menos concorrência, e, por uma questão logística. É mais barato deixar o resíduo lá do que comprar e direcioná-lo para as regiões Sul ou Sudeste”, complementa a dirigente da MaxiQuim.

 

Índice de reciclagem mecânica
O índice de reciclagem mecânica dos plásticos pós-consumo ficou em 23,4% no Brasil, crescimento de 0,3% em relação a 2020. Esse número é calculado dividindo a quantidade de plástico pós-consumo reciclado pelo volume de plástico pós-consumo gerado. Importante destacar também o índice de recuperação, que em 2021 foi de 27,2%, e que considera toda a quantidade de resíduo consumido sem excluir as perdas no processo. A essas perdas são dadas a disposição final ambientalmente adequada pela indústria da reciclagem, não retornando ao meio ambiente.

Além disso, esse ano, pela primeira vez, o estudo também calculou o índice de reciclagem para as embalagens plásticas, que ficou em 26,4%.

 

“Mesmo com uma pequena variação positiva no índice, é possível perceber que a reciclagem mecânica de plásticos vem se desenvolvendo rapidamente no país. O aumento registrado da produção de plástico reciclado é uma excelente notícia e acreditamos que nos próximos anos devemos acompanhar o crescimento desses índices”, finaliza Simone Carvalho, membro do comitê técnico do PICPlast.

Sobre o PICPlast
O Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast) é uma iniciativa criada em 2013 pela Braskem, maior produtora de resinas das Américas, e ABIPLAST, Associação Brasileira da Indústria do Plástico, que prevê o desenvolvimento de programas estruturais que contribuam com a competitividade e o crescimento da transformação e reciclagem plástica. O PICPlast já investiu cerca de R$ 20 milhões em ações em prol da imagem do plástico e programas de capacitações.

A iniciativa é baseada em dois pilares: aumento da competitividade e inovação do setor de transformação, e promoção das vantagens do plástico. O PICPlast também conta com investimentos voltados ao reforço na qualificação profissional e na gestão empresarial. No pilar de vantagens do plástico, as frentes de trabalho são voltadas para reciclagem, estudos técnicos, educação e comunicação, com destaque para o Movimento Plástico Transforma. Para saber mais, acesse www.picplast.com.br e www.plasticotransforma.com.br.

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